segunda-feira, 13 de outubro de 2008


Hoje temos uma nova colaboração para o blog e que já chega com um outro gênero literário: O Conto.
Apresento a vocês: Coccinelle e seus lindos contos.
Coccinelle, Bienvenue!!!


AS FILHAS DA LUA

Há muito tempo, nas proximidades de uma vasta serrania, no cume das mais elevadas montanhas, existiu uma tribo formada somente por mulheres valentes e destemidas. Filhas da Lua, senhora e mãe da noite, elas se refugiaram em longínquas colinas quando Jurupari ainda caminhava sobre a terra e, fazendo valer as leis do Sol, sobrepujou as mulheres em benefício dos homens.

Houve uma época em que as mulheres mandavam e os homens obedeciam. O Sol, de longe, olhava tudo aquilo e não gostava do que via. Certo dia, ele decidiu interferir. Do sumo da cucura, que escorreu por entre as pernas de uma cunhã de nome Ceuci, fez nascer Jurupari, mandado à terra para reformar os costumes.

Invertendo a disposição das coisas, o enviado do Sol arrebatou o poder das mãos das mulheres e o entregou aos homens. Algumas delas, recusando se integrar à nova ordem, pegaram em armas e foram à luta, a fim de reconquistar o que lhes fora arrancado. Todavia, auxiliados por Jurupari, os homens venceram o embate e se tornaram senhores.

Derrotadas, as fabulosas mulheres guerreiras cruzaram vales, atravessaram rios e igarapés, escalaram montanhas até se perderem na sombra da floresta, no recôndito da mata. Nessas terras distantes formaram sua própria nação.

De quando em quando, entretanto, sempre ao fim da fria estação e no desabrochar das primeiras flores, um estranho contentamento contagiava as mulheres da aguerrida nação. Abrindo mão de arcos e flechas, elas desciam o alto das colinas para nas águas lustrais de um lago encantador purificarem os corpos. Faziam isto suplicando à Lua que esfriasse suas raivas e adoçasse suas falas, no que eram generosamente atendidas. Radiantes, elas percorriam vales e planícies à procura de guapos guerreiros para entre seus braços gozarem um gozo com gosto de desforra.


Fonte:
BENEVIDES, Sílvio. Histórias de Pindorama. Salvador: Editora da FIB, 2003.

2 comentários:

Anônimo disse...

Poxa Papillon, assim não vale!! Eu aqui pensando que você deve estar ocupada, muito trabalho!!! Afinal seu sumido é presumido e absolutamente compreensível!!! Rss

Eis que de repente, que surpresa!!! Adorei o conto!! Parabéns pela nova colaboradora!!

Não conhecia Histórias de Pindorama deve ser ótimo, quero mais!!

Coccinelle seja muito, muito bem vinda!!

bjs

vivi disse...

Oi... faço das palavras de Bel as minhas... também não conhecia.. e adorei rsrs...
Coccinelle... adorei seu post... Seja bem vinda... rsrs... mas quando será a próxima postagem?! kkkk...
Beijus....