segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma questão de ponto de vista

Assim como toda moeda tem dois lados, toda história tem, no mínimo, dois pontos de vista. No caso de uma competição esportiva, como uma partida de futebol, por exemplo, esses dois pontos de vista são o do vencedor e do vencido. Não há apenas um lado da história. Há sempre dois, no mínimo. Mas o que se viu após a partida entre Brasil e Paraguai pelas quartas-de-final da Copa América foi algo acintoso. Refiro-me não ao resultado, mas, sim, a alguns comentários dos chamados analistas (analistas?!) esportivos brasileiros.

Em relação ao resultado, pouca coisa a dizer a não ser surpreendente. Quatro pênaltis batidos e nenhum convertido em gol. Tenho a impressão que tal feito é algo inédito na história do futebol internacional. Sem dúvida, um 17 de julho histórico. Algo para os palpiteiros de gala lembrar no futuro. Mas meu objetivo aqui não é discorrer sobre o resultado da partida. Como já disse, quero falar a respeito dos comentários que acompanhei pela televisão e pela internet.

Certos comentários, que pretendiam explicar o inexplicável, me chamaram bastante atenção. Primeiro porque se esqueciam de considerar que no esporte uns ganham e outros perdem. Não é possível ganhar todas nem, tampouco, perder todas. O esporte é assim. Aliás, a vida é assim. Se há uma premissa que devemos ter sempre em mente é esta. Segundo, frisou-se bastante o estado do gramado do Estádio de La Plata. Muitos buracos e areia pintada de verde para disfarçá-los. Isso, de acordo com tais analistas esportivos, teria prejudicado o Elano, o Thiago Silva, o André Santos e o Fred na hora de bater os pênaltis. Pode até ser que o gramado tenha prejudicado o Brasil. Porém, não devemos esquecer que as péssimas condições do gramado valiam tanto para a seleção brasileira quanto para a seleção paraguaia. Ainda assim, o Paraguai, mesmo tendo perdido o primeiro pênalti, converteu outros dois e, como se não bastasse, o goleiro Justo Villar, magnífica muralha, defendeu o chute do Thiago Silva. Se há explicações para esta histórica derrota brasileira, elaboremos outras, pois estas são muito inconsistentes, para não dizer estapafúrdias.

Igualmente estapafúrdio é diminuir a vitória paraguaia, declarando que a seleção chegou às semi-finais sem ganhar uma partida sequer neste campeonato. Ora, o Paraguai ganhou quando interessava ganhar, não importa como. Ademais, quantas vitórias o Brasil acumulou nesta Copa América? Quantas vezes o Brasil venceu o Paraguai na nesta mesma Copa América? Aliás, quantas vitórias a seleção brasileira acumulou sob o comando do técnico Mano Menezes? Será mesmo que estamos com essa bola toda para diminuir o feito dos nossos adversários? Vale refletir, afinal, vitória e derrota é só uma questão de ponto de vista (por Sílvio Benevides em  http://salvadornasoladope.blogspot.com/).
 
 

sábado, 16 de julho de 2011

Poema Falado: ISMÁLIA


A lua, satélite natural da terra, que, segundo uns hippies que conheci em Trancoso, sul da Bahia, é natural porque, certamente, só deve comer comida natural, exerce um enorme fascínio sobre homens e mulheres, sejam estes enamorados poetas, poetas enamorados ou loucos inebriados de beleza e dor. Apesar de a ciência negar, a lua é sim uma estrela, a principal estrela que habita os sonhos humanos e protagoniza inúmeros poemas, histórias de amor, crenças e lendas das mais belas, como A tapera da Lua, publicada no Salvador na sola do pé na semana passada. Para dar continuidade ao tema LUA, este espaço publica nesta semana o Poema Falado ISMÁLIA, do Alphonsus de Guimaraens, um das mais belas e conhecidas poesias brasileiras, que aqui é magnificamente interpretada pelo inesquecível e eterno Paulo Autran. Diz o poeta: “Quando Ismália enlouqueceu,/ Pôs-se na torre a sonhar.../ Viu uma lua no céu,/ Viu outra lua no mar. // No sonho em que se perdeu,/ Banhou-se toda em luar.../ Queria subir ao céu,/ Queria descer ao mar... // E, no desvario seu,/ Na torre pôs-se a cantar.../ Estava perto do céu,/ Estava longe do mar... // E como um anjo pendeu/ As asas para voar.../ Queria a lua do céu,/ Queria a lua do mar... // As asas que Deus lhe deu/ Ruflaram de par em par.../ Sua alma subiu ao céu,/ Seu corpo desceu ao mar...” Como já disse alguém de quem não recordo, de poeta e de Ismália todos nós temos um pouco. Boa áudio-leitura (por Sílvio Benevides).