domingo, 27 de setembro de 2009

Grande Significação




Canção
Cecília Meireles

No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.


Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto


Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.


Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.


E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.



Noções
Cecília Meireles

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.


Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que
a atinge.


Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se
encontram.


Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.


Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e
precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e
inúmera...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Muito além dos estereótipos


Após ter visto um certo show em cartaz em um certo bar-restaurante-pizzaria do Rio Vermelho, reduto boêmio de Salvador, decidi escrever sobre o que considero uma ode à intolerância disfarçada de humor chulo e grotesco. Mas resolvi não fazê-lo. Não quero que este espaço seja veículo da estupidez insossa de quem acredita que todo gay pensa apenas em sair pelo mundo a fora só para dar o cu, que os parisienses são frescos, os bascos terroristas, os freqüentadores dos bailes funks cariocas bandidos, os portugueses, nossos colonizadores, um bando de depravados corruptos que arruinaram o Brasil desde os tempos em que “Caramuru comeu o cu da Paraguassú”, os baianos um povo indolente e atrasado, und so weiter. Não! Não quero discorrer sobre a estupidez dos insensatos! Tal qual o José Régio, português do mais alto valor, eu também “amo o Longe e a Miragem, amo os abismos, as torrentes e os desertos...” Por essa razão, prefiro percorrer outras paragens.

No último dia 17/09 foi encerrada no Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBA), o Goethe-Institut de Salvador, a exposição “Canudos: a guerra de Os sertões”, do artista plástico baiano Trípoli Gaudenzi. A mostra, que já esteve em São Paulo, Paris, Havana, Colônia e Berlim, integrou a programação oficial da 36ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia, cujo tema central deste ano foi o centenário da morte do Euclides da Cunha.

O episódio de Canudos foi e é um dos maiores massacres da história do Brasil. Mas nas mãos de um Artista de fato, isto é, um Artista de verdade, como é o caso do Trípoli Gaudenzi, o grotesco vira arte questionadora, ou seja, uma arte que faz refletir, que denuncia e educa, contribuindo, desta maneira, para o engrandecimento da cultura de todos nós. Por meio de uma beleza épica ímpar, Trípoli Gaudenzi narra a saga e o drama do povo liderado pelo Antônio Conselheiro, vítima da intolerância e da violência da sociedade brasileira, que, em 1897, colocou todo seu aparato bélico-militar a serviço do extermínio do que se julgava ser atraso, incivilidade, vergonha, indolência e inadmissível insubordinação. Tanto horror e iniqüidade nos saltam aos olhos com uma ferocidade por vezes inquietante, por vezes piedosamente cortante. Há momentos que é possível ouvir as dores e úlceras daquela gente a arder em meio ao fogo do inferno de Dante. Produzidas em acrílico, guache, bico-de-pena, óleo, pastel e técnicas mistas, as telas da mostra “Canudos: a guerra de Os sertões” são a mais pura expressão de um barroco tipicamente pós-moderno.

E já que se falou na Jornada Internacional de Cinema da Bahia, o grande vencedor da mostra (por unanimidade) foi o filme paraguaio Karai Norte, do diretor Marcelo Martinesse. O curta, patrocinado pela Petrobrás, além de ser laureado com o prêmio Glauber Rocha de melhor filme da 36ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia, ganhou mais cinco troféus: melhor ficção, melhor atriz (Lídia de Cueva), melhor direção, melhor roteiro (adaptado de um conto do escritor paraguaio Carlos Villagra Marsal) e melhor som. Falado em guarani, Karai Norte narra a história de uma velha índia que vive num casebre miserável perdido em meio às veredas do grande sertão paraguaio. Enquanto prepara seu “de comer”, ela recebe a visita de um desconhecido rude e mal encarado. Ele pede comida. Ela, a princípio nega, mas após ameaçadora insistência, a velha senhora oferece o pouco alimento que tinha, afinal, ela nada poderia fazer caso ele resolvesse partir para a ignorância. Refestelado, o forasteiro pergunta como pode retribuir aquele carinho. Diz a ela para pedir-lhe o que quiser que ele tratará de conseguir. A velha índia responde que seu desejo era reaver seu machado, lampião e suas poucas roupas que lhes foram roubadas por uns homens vindos do norte. O desfecho é rude, tão rude como o sertão que os circunda. Como bem lembrou Malu Fontes, uma das juradas da Jornada, ao entregar o prêmio ao representante da produção paraguaia, o filme de Martinesse é uma bela homenagem à estética do cinema novo, embora não fosse essa a intenção do diretor. Prêmio mais que merecido. Meu amigo Renato Nascimento certamente aplaudiria de pé. Só mesmo a Jornada Internacional de Cinema da Bahia para nos colocar em contato com o que há de melhor na produção cinematográfica latino-americana. Como se pode perceber, a Bahia é muito mais do que reles estereótipos. Somente os insensatos não são capazes de perceber tamanha grandeza, pois a estupidez não os deixa ver (por Sílvio Benevides).


Postado por SB-SSA : salvadornasoladope.blogspot.com/

sábado, 19 de setembro de 2009

Bonne Fête mon amie Anne Marie!!


Amie de mon cœur!

Je vous souhaite bonne chance et souhaite aussi beaucoup
bonheur aujourd'hui et toujours.


Même que séparés par la distance et la culture
continuent toujours très proche parce que
nous connaissons l'importance de notre amitié.

Toi aure toujours une place dans mon
cœur et dans mon pays.

J'espère que toi apprécie les vidéos que moi et Silvio avons fait.
Il y a votre chanteur préféré et des images qui devraient vous
rendre très heureuse!

Je t’aime ma belle amie !!

Félicitations!

Un texte pour toi réfléchir:



La clé du bonheur

- Letícia Thompson

Ne mets dans les mains de personne ni de rien la clé de ton bonheur! Garde avec toi le pouvoir d'être maître de ta propre vie et dis-toi que si tu es un bon conducteur, tu sauras éviter les accidents. Et si, malgré tous tes efforts, ils surviennent, ne t'en fais pas. Il y a beaucoup de chutes qui arrivent pour nous montrer une nouvelle réalité, pour nous apprendre à arrêter et, qui sait, rencontrer de nouvelles directions et sorties. Et marcher sans s'arrêter peut être ennuyant et fatigant.....

....Être intelligent ce n'est pas tout savoir ou avoir la curiosité de tout apprendre. Être intelligent c'est tirer profit des leçons de la vie, regarder les événements avec objectivité et ne pas permettre que les émotions dominent la situation.......

......Oui, nous avons le choix! Même si ce n'est pas ce que nous attendons ou ce que nous désirons. Nous pouvons renoncer, persévérer ou rester sur place pour voir ce qui arrivera. Ce que nous ne pouvons pas, généralement, c'est revenir en arrière. Non... nous revenons peut-être sur nos décisions, mais pas sur les conséquences qu'elles ont eues sur nous... et les autres!







A Banda
Composição: Chico Buarque

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem


A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor


Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor


A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor


O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela


A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor


Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou


E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...


Silvio envoyyer un cadeau pour toi .
Il a dit pour toi: BONNE FÊTE MON AMIE !



Presença de Mira
Carlos Drummond de Andrade

Adaptação
Sílvio Benevides

O errante colar de lembranças e metáforas,
apaga-se no colo de Anne Marie.
Maintenant je ne serais nulle part.
Quem sabe?
Mira Anne Marie., hei de encontrá-la sempre em alguns versos
que falam da criança construindo na areia
palácios e jardins de pátria proibida;
que contam do domingo, cesta de solidão,
e da mulher agitando um xale imaginário,
e do esquecimento, que é um papagaio de papel.

Não preciso escutar
o tambor do corcunda anunciando as notícias,
para saber de Anne Marie..
Neste grão de café encontro Anne Marie pensando no Brasil."

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Feliz Aniversário Paulinha !!

Paulinha, desejo a você um dia maravilhoso e uma vida florida como um belo jardim nos dias de primavera.


No jardim algumas flores podem conter espinhos que se você reconhecer saberá como tocar sem se machucar e sem sentir dor. Se não reconhecer você irá aprender com eles como deve se cuidar para não se machucar outra vez, mesmo que antes precise enfrentar a dor causada por alguns desses espinhos pois as vezes isso é necessário para o aprendizado. Saúde!!!

Realmente, muito obrigada por me permitir fazer parte de sua vida!Quero dizer que sou muito orgulhosa de ter uma amiga como você.Sua história de vida é uma exemplo de como todos podem conquistar o que desejam mesmo que a vida crie muitos obstáculos. Quem conhece você sabe quantos obstáculos você ultrapassou para conseguir suas conquistas.Continue sua caminhada. Felicidade!!!

Pessoa, você merece chegar onde chegou.Todas as suas conquistas são merecidas e construída a base de muita determinação, coragem e desejo.Muitas outras conquistas chegarão. Parabéns!!!

Desejo muita saúde e muita sorte hoje e sempre!
Cuide-se Pessoa!
Um grande beijo no seu coração.


Ninguém me habita
(Thiago de Mello)

Ninguém me habita. A não ser
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem.


A fruta aberta
(Thiago de Mello)
Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.


Agora sei as coisa como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o seu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.


Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.


Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.


(Sobrevoando a Cordilheira dos Andes, 1962)






Nada Sei
Kid Abelha
Composição: Paula Toller/George Israel
Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber...
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar...
Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar...
Nesse mar, os segundos
Insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só prá me afogar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto o tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar...

Outro vídeo para você Pessoa!








Non, Je Ne Regrette Rien
Não! Eu não lamento nada...
(Michel Vaucaire / Charles Dumont)

Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Não! Nada de nada...Não! Eu não lamento nada...
Ni Le Bien Qu`on M`a Fait, Ni Le Mal
Nem o bem que me fizeram, Nem o mal
Tout Ça M`est Bien Egal
Isso tudo me é igual!
Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Não, nada de nada...Não! Eu não lamento nada...
C`est Paye, Balaye, Oublie, Je Me Fous Du Passe
Está pago, varrido, esquecido, Não me importa o passado!

Avec Mes Souvenirs J`ai Allume Le Feu
Com minhas lembranças, Acendi o fogo
Mes Shagrins, Mes Plaisirs,
Minhas mágoas, meus prazeres
Je N`ai Plus Besoin D`eux
Não preciso mais deles!
Balaye Les Amours Avec Leurs Tremolos
Varridos os amores, E todos os seus tremores
Balaye Pour Toujours
Varridos para sempre
Je Reparas A Zero
Recomeço do zero.

Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Não! Nada de nada...Não! Não lamento nada...!
Ni Le Bien Qu`on M`a Fait, Ni Le Mal
Nem o bem que me fizeram, Nem o mal
Tout Ça M`est Bien Egal
isso tudo me é bem igual!
Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Não! Nada de nada...Não! Não lamento nada...
Car Ma Vie, Car Me Joies
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Aujourd`hui Ça Commence Avec Toi
Hoje, começam com você!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Gostaria de compartilhar esse texto com vocês:"Uma informação por favor"?


Ontem passei a tarde em casa me recuperando de uma sinusite a base de muitas medicações que não me deixaram muito bem com todos os efeitos colaterais que são causados. De repente recebo uma ligação de uma amiga e depois de falarmos um pouco resolvemos compartilhar a leitura de alguns textos. Isso foi muito especial e me fez esquecer todos os efeitos colaterais causados pela medicação.


Eu e minha amada amiga fizemos uma espécie de revezamento de leitura ao telefone. Ela terminava uma leitura eu iniciava outra e ficamos fazendo isso durante algum tempo.Depois de algumas leituras se faz um minuto de silêncio que foi quebrado assim:
-“ Fiquei arrepiada e emocionada com esse texto!”
-“ Eu também! Somos bestas, não é?”
- “Não! É apenas um texto que nos emocionou!”

Segue aqui o texto que gostaria de compartilhar com vocês:


"Uma informação por favor"?

Quando eu era criança, bem novinho, meu pai comprou o primeiro telefone da nossa vizinhança. Eu ainda me lembro daquele aparelho preto e brilhante que ficava na cômoda da sala. Eu era pequeno para alcançar o telefone, mas ficava ouvindo fascinado enquanto minha mãe falava com alguém. Então, um dia eu descobri que dentro daquele objeto maravilhoso morava uma pessoa legal. O nome dela era "Uma informação, por favor" e não havia nada que ela não soubesse. "Uma informação, por favor" poderia fornecer qualquer número de telefone e até a hora certa.

Minha primeira experiência com esse gênio na garrafa veio um dia em que minha mãe estava fora, na casa de um vizinho. Eu estava na garagem mexendo na caixa de ferramentas quando bati em meu dedo com um martelo. A dor era terrível mas não havia motivo para chorar, uma vez que não tinha ninguém em casa para me oferecer a sua simpatia. Eu andava pela casa, chupando o dedo dolorido até pensei: o telefone!

Rapidamente fui até o porão, peguei uma pequena escada que coloquei em frente à cômoda da sala. Subi na escada, tirei o fone do gancho e segurei contra o ouvido. Alguém atendeu e eu disse "Uma informação por favor". Ouvi uns dois ou três cliques e uma voz suave e nítida falou em meu ouvido. "Informações". "Eu machuquei meu dedo...", disse, e as lágrimas vieram facilmente, agora que eu tinha audiência. "A sua mãe não está em casa?", ela perguntou. "Não tem ninguém aqui...", eu soluçava. "Está sangrando?" "Não", respondi. "Eu machuquei o dedo com o martelo, tá doendo..." "Você consegue abrir o congelador?", ela perguntou. "Eu respondi que sim." "Então pegue um cubo de gelo e passe no seu dedo", disse a voz.

Depois daquele dia, eu ligava para "Uma informação, por favor" por qualquer motivo. Ela me ajudou com as minhas dúvidas de geografia e me ensinou onde ficava a Philaddelphia. Ela me ajudou com os exercícios de matemática. Ela me ensinou que o pequeno esquilo que eu trouxe do bosque deveria comer nozes e frutinhas. Então, um dia, Petey, meu canário, morreu. Eu liguei para "Uma informação, por favor" e contei o ocorrido. Ela escutou e começou a falar aquelas coisas que se dizem para uma criança que está crescendo. Mas eu estava inconsolável. Eu perguntava: "Por que é que os passarinhos cantam tão lindamente e trazem tanta alegria pra gente para, no fim, acabar como um monte de penas no fundo de uma gaiola? Ela deve Ter compreendido a minha preocupação, porque acrescentou mansamente. "Paul, sempre lembre que existem outros mundos onde a gente pode cantar também..." De alguma maneira, depois disso eu me senti melhor.
No outro dia, lá estava eu de novo. "Informações.", disse a voz já tão familiar. "Você sabe como se escreve "exceção?" Tudo isso aconteceu na minha cidade natal ao norte do Pacífico.

Quando eu tinha 9 anos, nós nos mudamos para Boston. Eu sentia muita falta da minha amiga. "Uma informação, por favor" pertencia àquele velho aparelho telefônico preto e eu não sentia nenhuma atração pelo nosso novo aparelho telefônico branquinho que ficava na nova cômoda na nova sala. Conforme eu crescia, as lembranças daquelas conversas infantis nunca saiam da minha memória. Frequentemente, em momentos de dúvida ou perplexidade, eu tentava recuperar o sentimento calmo de segurança que eu tinha naquele tempo.

Hoje eu entendo como ela era paciente, compreensiva e gentil ao perder tempo atendendo as ligações de um molequinho. Alguns anos depois, quando estava indo para a faculdade, meu avião teve uma escala em Seatle. Eu teria mais ou menos meia hora entre os dois vôos. Falei ao telefone com minha irmã, que morava lá, por 15 minutos. Então, sem nem mesmo sentir que estava fazendo isso, disquei o número da operadora daquela minha cidade natal e pedi: "Uma informação, por favor". Como um milagre, eu ouvi a mesma voz doce e clara que conhecia tão bem, dizendo: "Informações." Eu não tinha planejado isso, mas me peguei perguntando: "Você sabe como se escreve Exceção?" Houve uma longa pausa. Então, veio uma resposta suave: Eu acho que o seu dedo já melhorou, Paul." Eu ri. "Então, é você mesma!", eu disse. "Você não imagina como era importante para mim naquele tempo." "Eu imagino", ela disse. "E você não sabe o quanto significava para mim aquelas ligações. Eu não tenho filhos e ficava esperando todos os dias que você ligasse". "Eu contei para ela o quanto pensei nela todos esses anos e perguntei se poderia visitá-la quando fosse encontrar a minha irmã.

"É claro!", ela respondeu. "Venha até aqui e chame a Sally." Três meses depois eu fui a Seatle visitar minha irmã. Quando liguei, uma voz diferente respondeu: "Informações." Eu pedi para chamar a Sally. "Você é amigo dela?", a voz perguntou. "Sou, um velho amigo. O meu nome é Paul." "Eu sinto muito, mas a Sally estava trabalhando aqui apenas meio período porque estava doente. Infelizmente, ela morreu há cinco semanas." Antes que eu pudesse desligar, a voz perguntou: "Espere um pouco. Você disse que o seu nome é Paul?"
"Sim""A Sally deixou uma mensagem para você.

Ela escreveu e pediu para eu guardar caso você ligasse.
Eu vou ler para você".


A mensagem dizia: "Diga a ele que eu ainda acredito que existem outros mundos onde a gente pode cantar também. Ele vai entender." Eu agradeci e desliguei. Eu entendi...

NUNCA SUBESTIME A "MARCA" QUE VOCÊ DEIXA NAS PESSOAS.




Desconheço o autor.



Te amo muito minha amiga e levo comigo suas marcas!
Obrigada,
Papillon
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