domingo, 14 de agosto de 2011

POEMA FALADO: Visita à casa paterna

É com ENORME prazer que publico a homenagem de meu grande amigo Silvio ao seu amado PAI.

Aproveito para desejar Feliz dia dos Pais ao Senhor Benevides (Pai de Silvio), Senhor Reis (meu pai) e a todos os pais.

“Às vezes sinto saudade do tempo de uma aurora querida, aurora esta nem sempre vista, mas, sem dúvida, deveras sentida. Fico a pensar como teria sido o que jamais foi e, por isso mesmo, nunca será. Será? Mas os devaneios, vindos como um rompante, rompem-se de repente e me lembro, então, do tempo passado e presente. Nesse instante, recordo o meu pai e percebo que o momento é agora. Momento propício para dizer o quanto o amo e quero bem.” por Silvio Benevides.

Por essa razão, o Poema Falado desse mês, traz o belíssimo soneto Visita à casa paterna, do Luís Guimarães Júnior, que diz:


Visita à casa paterna

“Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos, - olhou-me, grave e terno,
E, passo a passo, caminhou comigo. /

Era esta sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade,
minhas irmãs e minha mãe... O pranto /

Jorrou-me em ondas... Resistir quem há de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade”.


Com esse vídeo-poema, mais uma vez com a voz do magnífico Paulo Autran, expresso o meu amor ao meu querido pai. Que Deus nos conserve por muito mais tempo ainda (por Silvio Benevides).


Anunciação

Toca essa música de seda , frouxa e trêmula,
Que apenas embala a noite e balança as estrelas noite mar ,
Do fundo da escuridão nascem vagos navios de ouro,
Com as mãos de esquecidos corpos quase desmanchados no vento.
E o vento bate nas cordas e estremecem as velas épocas,
E a água derrete um brilho fino , que em si mesmo logo se perde.
Toca essa música de seda , entre areias e nuvens e espumas
Os remos pararão no meio da onda , entre os peixes suspensos
E as cordas partidas andarão pelos ares dançando à toa.
Cessará essa música de sombra que apenas indica valores de ar.
Não haverá mais nossa vida , talvez não haja nem o pó que fomos.
E a memória de todo desmanchará suas dunas desertas .
E em navios novos homens eternos navegarão.

(Cecília Meireles. Antologia Poética)