
Por nossa colaboradora Bel 3 lindos poemas:
Poema da Eternidade
Eternidade...
Os que vão morrer te saúdam
Com as mãos crispadas de frio
E os olhos vidrados pela contemplação da noite;
Nós que sentimos a solidão crescer na alma,
Planta vinda das raízes do ser,
Regada pelo pranto que nunca chega aos olhos;
Nós que possuímos a intuição do efêmero,
A seiva das árvores seculares
E a tristeza dos lobos da floresta;
Nós que deixamos nossos corpos
Plantados como marcos
À beira das estradas;
Nós, os transitórios caminheiros,
Que morremos na arena do espaço
Dilacerados pelos búfalos do tempo;
Nós, os escravos da vida e o alimento da morte,
Que entramos no anfiteatro de pedra
Com os pulsos atados pela dúvida,
Com os olhos cobertos pela poeira dos séculos
E a palavra cimentando os lábios partidos
-Nós, os mortos de amanhã,
Te saudamos,
Primeira e última Rainha do Silêncio!
Paulo Bonfim em 50 Anos de Poesia pág. 63 de 2000
PRESENÇA
Eternidade...
Os que vão morrer te saúdam
Com as mãos crispadas de frio
E os olhos vidrados pela contemplação da noite;
Nós que sentimos a solidão crescer na alma,
Planta vinda das raízes do ser,
Regada pelo pranto que nunca chega aos olhos;
Nós que possuímos a intuição do efêmero,
A seiva das árvores seculares
E a tristeza dos lobos da floresta;
Nós que deixamos nossos corpos
Plantados como marcos
À beira das estradas;
Nós, os transitórios caminheiros,
Que morremos na arena do espaço
Dilacerados pelos búfalos do tempo;
Nós, os escravos da vida e o alimento da morte,
Que entramos no anfiteatro de pedra
Com os pulsos atados pela dúvida,
Com os olhos cobertos pela poeira dos séculos
E a palavra cimentando os lábios partidos
-Nós, os mortos de amanhã,
Te saudamos,
Primeira e última Rainha do Silêncio!
Paulo Bonfim em 50 Anos de Poesia pág. 63 de 2000
PRESENÇA
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos
...É preciso que a tua ausência trescales
utilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo
...Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janelae
respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida
...Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato
...E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana em Apontamentos de História Natural de 1976
Amém
Hoje acabou-se-me a palavra,
e nenhuma lágrima vem
Ai, se a vida se me acabara
também.
A profusão do mundo, imensa,
tem tudo, tudo - e nada tem.
Onde repousar a cabeça?
No além?
Fala-se com os homens, com os santos,
Consigo com Deus
Consigo com Deus
...E ninguém entende o que se está contando
e a quem...
Mas terra e sol, luas e estrelas
giram de tal maneira bem
que a alma desanima de queixas.
Amém.
Cecília Meireles em Vaga Música de 1942
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