sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Colaboração de Bel.


MEMÓRIA

Quando foi aquele tempo
em que eu me olhava, sonhando,
nas águas desta bacia
e via o rosto da moça
que, do fundo, me sorria?


Onde foi parar o sonho?
Pra onde foi a magia?
Pra onde o rosto da moça
que, do fundo, me sorria?


Em que águas refletida
sorri agora, tardia,
a face que me sorria
lá no fundo da bacia?

REFERÊNCIA: Maria Thereza Noronha, em A Face na Água (1990)


Vai ser fácil

Vai ser fácil te esquecer.

Basta que não abra os olhos
pois em tudo vejo tua presença.
Basta que não respire
para fugir do teu perfume irresistível.
Basta que nossos corpos não se toquem,
pois esse contato me leva a seguir-te
como a lua gira fielmente ao redor da terra.
Basta que não durma,
Para evitar que, absoluta e segura,
compareças nos meus sonhos,
como quem passeia em seus conhecidos domínios.

Viu como vai ser fácil?...


Referência: Solange Rech em DE AMOR TAMBÉM SE VIVE de 1999


A PROCURA

Andei pelos caminhos da Vida.
Caminhei pelas ruas do Destino –
procurando meu signo.
Bati na porta da Fortuna,
mandou dizer que não estava.
Bati na porta da Fama,
falou que não podia atender.
Procurei a casa da Felicidade,
a vizinha da frente me informou
que ela tinha se mudado
sem deixar novo endereço.
Procurei a morada da Fortaleza.
Ela me fez entrar: deu-me veste nova,
perfumou-me os cabelos,
fez-me beber de seu vinho.
Acertei o meu caminho.

REFERÊNCIA: Cora Coralina em Meu livro de Cordel de 2001



Nenhum comentário: