
ÚLTIMO POEMA DO MARINHEIRO
(Thiago de Mello)
O marinheiro encontrou o seu caminho no mar.
Mas uma noite, de repente,
o mar foi vazando, vazando,
até que secou completamente.
Seu barco, solitário
sobre o fundo do abismo,
torna-se uma coisa grotesca e sem sentido.
Estrangeiro entre os homens da terra,
caminha o marinheiro por estradas inúteis,
levando nos olhos um mistério verde
e na boca o amargor de tanto sal.
Contudo, nas noites de muito vento,
debruça-se na murada do tempo
e, enquanto espera o retorno do mar,
inaugura caminhos de cinza e de nada.
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