
O vestido
Adélia Prado
Adélia Prado
No armário do meu quarto escondo de tempo e traça meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito, meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.
Um comentário:
Adorei essa nova leva de postagens. Os hakais do Leminski (adoro ele - precisamos contemplá-lo nos poemas falados!), a mensagem carinhosa no blog award (adorei a "surpresa" tão carinhosa!) e o poema da Adélia Prado (Que MULHER!!!!!). Que tal transformar O VESTIDO em poema falado? A Adélia Prado também precisa ser falada, falada e falada! Bjs!
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