quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Colaboração de Bel!! Ah! Ainda de férias!!



NINGUÉM

Ninguém se engane se soar a hora,
se todos os relógios, de repente,
gaguejarem nem sei que dor fremente
que nunca veio e não se foi embora.


Ninguém se engane se souber quem chora,
que um grande choro convulsivo e quente
virá das coisas como espada ardente
atravessando a carne ontem, agora.


Ninguém se engane se dos seus papéis,
dos seus livros inertes, um lamento
terrível se levante como um vento
de maldição e de intenções cruéis.


Tudo, a este instante, é como um grande grito
quase a romper as cercas do infinito.


REFERÊNCIA: Alphonsus de Guimaraens Filho em Só a Noite é que Amanhece — Poemas Escolhidos e Versos Esparsos, de 2003.

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