quinta-feira, 12 de março de 2009

Colaboração de Bel.


Momento
(abril de 1937)

O vento corta os seres pelo meio.
Só um desejo de nitidez ampara o mundo...
Faz sol. Fez chuva. E a ventania
Esparrama os trombones das nuvens no azul.

Ninguém chega a ser um nessa cidade,
As pombas se agarram nos arranha-céus, faz chuva.
Faz frio. E faz angústia... É este vento violento
Que arrebenta dos grotões da terra humana
Exigindo céu, paz e alguma primavera.

REFERÊNCIA: MARIO DE ANDRADE em A Costela do Grão Cão Poesias Completas 1987 pág.319.

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