segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Desculpa ai, mas tô ficando de saco cheio!!!

Porta da frente continua sendo a serventia da casa

Teatro Amazonas
Teatro Amazonas (MICHAEL DANTAS/ACRÍTICA)
Pero Vaz de Caminha, na famosa carta na qual relata o “achamento” da Terra de Vera Cruz, faz especial referência a maneira cordata com que o invasor foi recebido pelos nativos e tirante os poucos relatos de ataque - ao Bispo Sardinha e a uns poucos desbravadores - sempre quem aporta nessas terras é bem recebido. Sérgio Buarque de Holanda confirmou na teoria o que Caminha viu na pratica e formulou o conceito do brasileiro cordial.
Essa longa tradição de bem receber está na alma de Manaus, provavelmente por ser a Capital do Estado com a maior população indígena do País. Aqui somos pródigos no bom receber, na cordialidade, e há relatos dos mais emocionantes sobre pessoas que chegaram aqui sem nada, receberam apoio de desconhecidos; um prato de comida, um quarto para dormir, provaram um jaraqui frito e nunca mais saíram daqui. Tenho orgulho da minha cidade por isso. Sou um dos autores da coletânea “100 Histórias de Paixão Por Manaus”, da Editora Amazônia Cultural, um belo livro com belas histórias contadas por gentes de todas as partes que vivem e contribuem para o desenvolvimento dessa terra encantada de Ajuricaba. Há muitos imigrantes que contribuem para a grandeza dessa cidade da Barra de São José do Rio Negro. A eles devemos os melhores agradecimentos.
Acontece, porém, que de uns tempos para cá, certamente por conta da pujança econômica da cidade, que atraí todo tipo de pessoa, Manaus vem sofrendo ataques sórdidos e de toda ordem e a todo momento. Reclamam estes desafetos da cidade do nosso calor, reclamam do prefeito, do governador, dos senadores, dos deputados, e até ai tudo bem, eles não são daqui mesmo, só e apenas nos representam, são da casa por assim dizer. Ocorre que esses ataques estão ficando virulentos de mais. Passaram a criticar o povo, as gentes simples que fazem a terra. Criticam nossos hábitos, criticam nossa cultura, nosso estilo de vida, nosso rio, nosso trânsito, nossa culinária, enfim! Tá um bombardeio só! Em todo lugar que vou ouço, ainda calado, esses ataques. Decidi mudar. Portanto cuidado antes de falar mal de Manaus perto de mim. Poderá ser perigoso. Não vou mais ficar calado, até porque viajado que estou, vejo problemas similares em todos os lugares por onde já passei. E tem mais, não me venham com essa de que estou tolhendo o direito à crítica que todos têm. Pelo contrário, prometo ouvi-las com respeito dentro do razoável e do sensato. Não me venham com magoas por não estarem perto dos que gostam, das coisas que amam. Porta da frente senhores continua sendo a serventia da casa. Se definitivamente não gostam da cidade, não querem trabalhar para nos ajudar a construir soluções, por favor vão embora, voltem para suas origens. É o mais sensato!
Portanto, gravem ai detratores: Meu nome é Gerson Severo Oliveira Dantas, tenho 44 anos, sou nascido e criado em Manaus. Sou mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, formado em quase todos os ciclos escolares em escolas públicas de Manaus. Trabalho para um grupo genuinamente amazonense, dou aulas numa faculdade amazonense, tenho filhos nascidos em Manaus, moro e vou morrer em Manaus se nenhum acidente de percurso acontecer. Amo Manaus como amo minha esposa cujos defeitos do tempo só a tornam mais bela diante de meus olhos. Parodiando uma colega, Manaus é como sexo: “até quando é ruim é bom”.

 http://acritica.uol.com.br/blogs/blog_do_severo/

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