segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CENSURA NO YOUTUBE!

Eu, Papillon, reproduzo aqui no nosso cantinho o texto abaixo porque a censura ao Poema Falado Idéias Íntimas, do Álvares de Azevedo, também atingiu este espaço. Até concordo que devam existir regras e limites. Acho que ninguém discorda disso. Mas a censura pura e simples, baseada em critérios pouco claros é inadmissível. Por isso endosso o protesto abaixo.

Censurar. Verbo transitivo direto que de acordo com o dicionário Houaiss significa exercer censura moral, política, estética, religiosa, entre outros tipos, sobre produção artística ou informativa, espetáculo etc. foi exatamente isso que ocorreu com o Poema Falado “Idéias Íntimas IX”, escrito pelo poeta romântico Álvares de Azevedo.
Os Poemas Falados são pequenos vídeos que produzo para divulgar os meus poemas prediletos. Os textos vêm acompanhados de música e imagens que ajudam a traduzir a intenção central da poesia retratada. A idéia de se fazer Poemas Falados surgiu como uma brincadeira instigada pela Pappillon. Depois virou um dos meus passatempos prediletos, quase um vício. Desde agosto de 2009 passei a postá-los aqui e em outros espaços como os blogs amigos Bienvenue-Ami e O Cantinho de Coccinelle. O objetivo é formar uma rede tecida por versos e sons magníficos, afinal, como disse o Carlos Drummond de Andrade, “uma pessoa que tem hábitos intelectuais ou artísticos, uma pessoa que gosta de ler nunca está sozinha. Ela terá sempre uma companhia: a companhia imensa de todos os artistas, todos os escritores que ela ama, ao longo dos séculos”. Trata-se do prazer da arte pela arte, sem nenhum propósito comercial.
Eis que na semana passada fui surpreendido por uma mensagem do Youtube, onde os Poemas Falados são postados, comunicando a retirada do poema “Idéias Íntimas IX”, classificado como impróprio por conter cenas de nudez e sexo (seria isto pornografia?). Sim,o vídeo contém cenas de nudez, mas não de sexo. Ademais, qual o problema com a nudez e o sexo? Existe uma diferença enorme entre sexo e pornografia. Sei bem que a pornografia está, sobretudo, na mente e nos olhos de quem vê, mas isso é outra história que não estou a fim de discutir nesse momento. O fato é que a censura ocorreu e o Álvares de Azevedo, um dos maiores nomes da poesia de língua portuguesa, assim como o Amadeu Modigliani, o William Etty, o diretor português João Pedro Rodrigues e o músico Alberto Iglesias foram banidos em nome de uma moralidade duvidosa. Isso tudo me fez perceber o quão encoberto por tabus o corpo se encontra. Mudam os tempos, mas os tabus permanecem quase intactos.
Sabendo do fato, alguns amigos meus se pronunciaram no Facebook nos seguintes termos: “o incrível é que se fossem imagens de violência explícita aí não teria problema, existem inúmeras no Youtube. O moralismo hipócrita prevalece” (PM); “a censura sem limites...e o pior que quem censura é o público....já que é censura deveriam ter uma equipe para analisar os fatos e não deixar a hipócritas tomarem conta e fazer o que desejam” (GCR); “é impressionante como fica claro que não há interesse nenhum em fomentar algo que estimule a educação e ou a contemplação da arte! Afinal isso estimularia o pensar, e representa uma situação ‘extremamente perigosa’ para quem não interessa a partilha. O que não é censurado, por exemplo, é a violência e inutilidade, afinal, essas contribuem efetivamente para manter uma aura de inferioridade e infelicidade coletiva” (MC).
O debate está lançado. O vídeo censurado pode ser acessado AQUI. Será que este vídeo é mesmo impróprio? Opine. Caso queira fazer parte da rede para publicar em seu blog/sítio os Poemas Falados é só entrar em contato que eu enviarei os textos e links da postagem (por Silvio Benevides).

domingo, 2 de janeiro de 2011

Presidência da República do Brasil.



A petista Dilma Vana Rousseff, 63, tomou posse como a primeira mulher e a 40ª pessoa a ocupar a Presidência da República do Brasil.Num longo discurso no Congresso Nacional, em que citou o escritor mineiro Guimarães Rosa (1908-1967), Dilma fez várias menções à questão de gênero, louvou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e prometeu erradicar a miséria e transformar o Brasil num país de "classe média sólida e empreendedora".A presidente chorou no final da fala, ao mencionar sua participação na luta armada contra a ditadura e homenagear os que "tombaram pelo caminho". Ela fez menção à tortura ao dizer que suportou as "adversidades mais extremas" infligidas a quem "ousou" "enfrentar o arbítrio". "Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor".Dilma prometeu ser "rígida" no combate à corrupção. "Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito...."

O governo tem 24 ministérios, mais dez secretarias têm caráter ministerial, além do Banco Central, da AGU (Advocacia Geral da União) e da CGU (Controladoria Geral da União).
Os ministros são indicados pelo presidente e formam o primeiro escalão do governo. Criam normas, estratégias, programam políticas e administram verbas para cada área.
Saiba o que faz cada ministério e quem vai comandar as pastas do futuro governo:

1-A economista Tereza Campello, de 48 anos, vai comandar o Ministério do Desenvolvimento Social. Ela está no governo desde o início do primeiro mandato de Lula e ocupava a subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil. Tereza é casada com Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT.


2-A socióloga Luiza Helena de Bairros, de 57 anos, é a nova ministra da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). De 2005 a 2007, foi consultora do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para questões de gênero e raça.


3-Afonso Florence é ex-secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia e, nas eleições de outubro, foi eleito deputado federal. Foi escolhido por Dilma para comandar o Ministério do Desenvolvimento Agrário


4-O general do Exército José Elito Carvalho Siqueira assume o Gabinete de Segurança Institucional. Elito comandou a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti em 2006 e 2007. Nascido em Aracaju em 1946, ele entrou nas Forças Armadas aos 20 anos e é mestre e doutor em ciências militares


5-A deputada federal Iriny Lopes (PT-ES), uma das fundadoras da legenda no Estado, é a nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Conhecida por seu trabalho na Câmara em defesa dos direitos civis, passou por dois mandatos e presidiu a Comissão de Direitos Humanos e Minorias.


6-Dilma convidou o ministro Jorge Hage para seguir à frente da CGU (Controladoria Geral da União). Advogado, Hage tem 72 anos e está no cargo desde junho de 2006


7-O deputado federal do PT do Rio Luiz Sérgio vai ficar na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência. Ele entra no lugar de Alexandre Padilha, escolhido para comandar o Ministério da Saúde.


8-Leônidas Cristino é prefeito de Sobral e foi indicado pelo governador do Ceará, Cid Gomes, para ocupar a Secretaria Especial de Portos. Cristino é do PSB e entra na cota do partido no futuro governo.


9-Secretário de Desenvolvimento de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho (PSB) foi escolhido por Dilma para comandar o Ministério da Integração Nacional.


10-Médico infectologista, Alexandre Padilha, de 39 anos, é o novo ministro da Saúde. No governo do presidente Lula, esteve à frente da pasta das Relações Institucionais, responsável pela articulação política. Ainda quando ocupava a subchefia de Assuntos Federativos do Planalto acompanhava a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff em reuniões da base aliada.


11-Baiano de Salvador, Orlando Silva continua à frente do Ministério do Esporte. Aos 39 anos, leva no currículo a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007, e a conquista dos direitos para sediar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio.


12-Luiz Inácio Adams foi confirmado para continuar na AGU (Advocacia-Geral da União) 45 anos, gaúcho, advogado Era o procurador-geral da Fazenda Nacional até assumir o comando da Advocacia-Geral da União (AGU), em substituição ao ministro José Antonio Dias Toffoli, nomeado para o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao permanecer na AGU, Luis Inácio Adams se afastou momentaneamente da disputa por outra vaga no STF, a do ministro Eros Grau, o que não exclui, porém, a possibilidade de ser indicado para uma cadeira da corte no futuro.


13-Deputado federal, Mário Negromonte (PP-BA) é advogado e já foi filiado ao PMDB e PSDB. Vai substituir Marcio Fortes, também do PP. Muito cobiçada, a pasta de Cidades, criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, é responsável pelo programa Minha Casa, Minha Vida.


14-Ana de Hollanda, irmã do compositor Chico Buarque de Hollanda, é atriz, cantora e também compositora. Ana tem 62 anos e já foi diretora de Música da Funarte (Fundação Nacional de Artes). No Ministério da Cultura, Ana de Hollanda substituirá Juca Ferreira, no cargo desde 2008. Antes, quem chefiava a pasta era o cantor Gilberto Gil.


15-O atual ministro da Educação, Fernando Haddad, irá permanecer no cargo durante o próximo governo, apesar do desgaste em decorrência de problemas enfrentados na aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2009 e 2010. Advogado, mestre em economia e doutor em filosofia, ele foi secretário-executivo da pasta antes de ser nomeado para comandá-la. Haddad também foi assessor especial do Ministério do Planejamento. Ele é ministro da Educação desde 2005.


16-Ministro do Trabalho e Emprego desde 2007, Carlos Roberto Lupi, 53, vai permanecer no cargo no próximo governo. Líder licenciado do PDT, o ministro já foi Secretário de Governo do Rio de Janeiro e Secretário Municipal dos Transportes na capital fluminense. Com formação em administração de empresas e economia, foi deputado federal, é casado e tem três filhos.


17-O Ministério do Meio Ambiente continuará sob o comando da bióloga Izabella Teixeira (sem partido), no cargo desde abril de 2010, com a saída de Carlos Minc. Com perfil considerado técnico, integrou a direção do Ibama, foi Subsecretária do Meio Ambiente do Rio de Janeiro e secretária executiva do ministério, entre 2008 e 2009.


18-O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel será o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Amigo pessoal de Dilma, Pimentel é economista e trabalhou na campanha da petista até ser afastado da equipe por seu suposto envolvimento na montagem de um dossiê antitucano.


19-A jornalista Helena Chagas será a nova ministra da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Ela ocupará o lugar de Franklin Martins. Formada em jornalismo pela UnB (Universidade de Brasília), Helena passou por redações de grandes veículos de comunicação nas quais se destacou na cobertura política do Congresso Nacional. Este ano, a jornalista coordenou a área de imprensa da campanha presidencial de Dilma Rousseff.


20-A senadora Ideli Salvatti foi indicada para o Ministério da Pesca e Aquicultura. Ela tem 58 anos e estudou física. Nos anos 90, foi eleita deputada estadual. Em 2002, tornou-se a primeira senadora do Estado de Santa Catarina, e no Congresso foi líder da bancada petista e do governo.


21-A petista Maria do Rosário, escolhida para substituir Paulo Vannuchi na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, é pedagoga, professora da rede pública e mestre em educação e violência infantil. Na década de 1990, foi vereadora em Porto Alegre por dois mandatos. Posteriormente, elegeu-se deputada estadual. Maria do Rosário chegou à Câmara dos Deputados em 2002, reelegendo-se em 2006 e neste ano. Em 2008, concorreu à prefeitura de Porto Alegre, mas não se elegeu.


22-Após ser derrotado na disputa pelo governo do Amazonas, Alfredo Nascimento (PR), de 58 anos, retornará ao Ministério dos Transportes, pasta que ele passou a comandar em 2004, quando renunciou à prefeitura de Manaus. Dois anos depois, elegeu-se senador pelo Amazonas, mas em pouco tempo se licenciou do mandato para voltar ao ministério. Neste ano, Nascimento deixou o governo em março para participar da eleição. Ele foi derrotado por Omar Aziz (PMN). O ministro é bacharel em letras e em matemática.


23-O sociólogo Moreira Franco, de 66 anos, confirmado na Secretaria de Assuntos Estratégicos, governou o Rio de Janeiro entre 1987 e 1991 e integra a Comissão Executiva Nacional do PMDB. Durante a campanha, representou seu partido na elaboração do programa de governo de Dilma. Entre 1998 e 2002, foi assessor especial do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e em 2008 se tornou vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa Econômica Federal.


24-O senador Garibaldi Alves Filho (RN) ocupará o Ministério da Previdência. A pasta foi oferecida como "moeda de troca" para o PMDB, que perdeu as pastas das Comunicações e Integração Nacional.


25-O deputado Pedro Novais (PMDB-MA) vai assumir o Ministério do Turismo, considerado estratégico no próximo governo por causa da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. A indicação teria partido do líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que buscava um nome do Nordeste para a pasta. O novo ministro já se envolveu em um escândalo antes mesmo de assumir o cargo.


26-Atualmente no comando do Ministério do Planejamento, para o qual Dilma já designou Miriam Belchior, Paulo Bernardo foi o escolhido para ocupar a pasta das Comunicações. Natural de São Paulo, ele tem 58 anos e foi deputado federal por três mandatos. Bernardo está no Ministério do Planejamento desde 2005. Antes, foi secretário da Fazenda de Mato Grosso do Sul e do município de Londrina (PR).


27-Antônio Palocci, de 50 anos, é médico sanitarista e foi confirmado na Casa Civil, retornando assim ao primeiro escalão do governo. Palocci foi o primeiro ministro da Fazenda de Lula, função que deixou de exercer em 2006 após se ver envolvido no escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Naquele mesmo ano, elegeu-se deputado federal. O paulista foi um dos coordenadores da campanha de Dilma e integra sua equipe de transição.


28-O paranaense Gilberto Carvalho ocupará a Secretaria-Geral da Presidência. Atual chefe de gabinete de Lula, ele é um dos assessores mais próximos do presidente e um de seus principais conselheiros. Seu futuro cargo, hoje ocupado por Luiz Dulci, tem entre suas atribuições o relacionamento e a articulação com entidades da sociedade civil, a elaboração da agenda futura do presidente e a preparação de seus discursos. Carvalho foi seminarista e se graduou em filosofia. Entre o fim da década de 1990 e o começo dos anos 2000, trabalhou na prefeitura de Santo André.


29-Convidado por Dilma para ocupar o Ministério da Justiça, José Eduardo Cardozo é deputado federal e secretário-geral do PT. Durante a campanha, foi um dos escudeiros de Dilma, ao lado de José Eduardo Dutra e Antônio Palocci. Paulista, o parlamentar tem 48 anos, é advogado e procurador do município de São Paulo desde 1982.


30-Guido Mantega, de 61 anos, permanecerá no Ministério da Fazenda, pasta que comanda desde março de 2006. Naquela ocasião, ele foi indicado para substituir Antonio Palocci, que deixou o cargo em meio ao escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Nascido em Gênova, na Itália, o ministro veio ainda criança para o Brasil, estudou economia e é doutor em Sociologia do Desenvolvimento. Antes de chegar à Fazenda, ele foi ministro do Planejamento e presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).


31-Alexandre Tombini, indicado para assumir a presidência do Banco Central, nasceu em Porto Alegre (RS) no dia 9 de dezembro de 1963 e é funcionário de carreira. Graduado em economia pela UnB (Universidade de Brasília) e Ph.D. pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, ele comanda o departamento de Normas do BC e foi uma opção "caseira" para assumir o lugar de Henrique Meirelles, no cargo desde 2003, quando teve início o governo Lula. No Banco Central, ele também foi diretor de Assuntos Internacionais e de Estudos Especiais. Além disso, trabalhou no escritório da representação brasileira no FMI (Fundo Monetário Internacional).


32-Miriam Belchior, que assumirá o Ministério do Planejamento no lugar de Paulo Bernardo, trabalhou com Dilma na Casa Civil e é secretária-executiva do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Ela integrou a equipe de transição do governo Lula e foi posteriormente chamada para a Casa Civil por José Dirceu, ex-titular da pasta. Miriam, de 54 anos, foi casada com o ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, mas os dois já estavam separados quando ele foi assassinado, em 2002. A futura ministra é formada em engenharia de alimentos pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e mestre em administração pública


33-O senador Edison Lobão retornará ao Ministério das Minas e Energia, cargo que deixou em 31 de março deste ano para se candidatar a mais um mandato parlamentar - foi reeleito com 1,7 milhão de votos. Embora tenha se graduado em direito, Lobão trabalhou como jornalista. Entre 1991 e 1994, foi governador do Maranhão. Sua chegada ao Ministério das Minas e Energia ocorreu em janeiro de 2008.


34- Candidato derrotado ao governo de São Paulo nas eleições deste ano, o economista e senador Aloizio Mercadante (PT-SP), de 56 anos, será o novo ministro de Ciência e Tecnologia do governo da presidente Dilma Rousseff.


35-O empresário e produtor rural Wagner Rossi, à frente do Ministério da Agricultura desde março de 2010, permanecerá na pasta. Nascido em São Paulo, Rossi, que é filiado ao PMDB, presidiu a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), foi secretário de diversas pastas no governo paulista, como Transportes, Infraestrutura Educação e Esportes, e chefiou a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo). O ministro é graduado em direito e administração de empresas.


36- Luciano Coutinho permanece na presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde está desde 2007. Nascido em Pernambuco, ele é economista e doutor pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Especialista em economia industrial e internacional, foi também secretário-executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia.


37- O diplomata Antônio de Aguiar Patriota foi confirmado como sucessor de Celso Amorim no Ministério das Relações Exteriores. Patriota é secretário-geral do Itamaraty, segundo posto na hierarquia do órgão. Filho do embaixador Antônio Patriota, ele nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu na Europa, na Ásia, em países da América do Sul e nos Estados Unidos. Formado em filosofia, entre 2007 e 2009 foi embaixador do Brasil em Washington. Patriota e Amorim trabalharam juntos em Nova York, nos Estados Unidos, e em Genebra, na Suíça.


38- Ministro da Defesa desde julho de 2007, o gaúcho Nelson Jobim permanece no cargo. Advogado, ele se graduou em ciências jurídicas e sociais e foi deputado federal por dois mandatos pelo PMDB. Entre 1995 e 1997, foi ministro da Justiça do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Também integrou o quadro de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e chegou à presidência da Corte em junho de 2004.


39-O baiano José Sergio Gabrielli, de 61 anos, preside a Petrobras desde julho de 2005 e foi mantido no cargo por Dilma. Sua gestão à frente da empresa ficou marcada pelas descobertas de jazidas de petróleo na camada pré-sal. Antes de assumir o comando da estatal, ele era o diretor financeiro e de Relações com Investidores. Gabrielli é economista e Ph.D. pela Boston University, nos Estados Unidos.


40- Maria Fernanda Ramos Coelho deve permanecer no comando da Caixa Econômica Federal, que assumiu em março de 2006. Natural de Recife (PE), ela tem 49 anos e fez carreira no banco, tendo atuado como gerente-geral em agências e nas superintendências de desenvolvimento econômico e social e de estratégias. Maria Fernanda estudou jornalismo e se especializou em Finanças Empresariais e Gestão Pública.

Fonte: http://www.folha.uol.com.br/
http://noticias.r7.com/

Foto: Jorge Araujo


Poema Falado: Morte e vida severina (prólogo)

Um dos grandes nomes da poesia brasileira do século XX, João Cabral de Melo Neto, nasceu no Recife no dia 09 de janeiro de 1920. Seus primeiros dez anos de vida foram praticamente passados no engenho da família, em São Lourenço da Mata-PE. A infância à beira do rio Capibaribe o marcaria para sempre. Os trabalhadores da fazenda de seu pai lhe traziam folhetos de literatura de cordel, assim teve seu primeiro contato com a literatura. Sem saber ler, esse homens o escalavam para sessões de leitura nos momentos em que não estavam trabalhando nos canaviais.

Na juventude, já no Recife, ao ler Manuel Bandeira e Mário de Andrade pela primeira vez, ficou aliviado com a possibilidade de ser poeta sem escrever como Olavo Bilac. Até então, tinha horror à poesia por só ter tido acesso aos poetas parnasianos. “Aquilo me dava nojo”, diria mais tarde.

Mudou-se para o Rio de Janeiro com pouco mais de 20 anos. Aproximou-se do primo Manuel Bandeira, 34 anos mais velho, e também ficou amigo de Carlos Drummond de Andrade, a quem pediu para ser apresentado e apontaria depois como seu grande mestre na literatura brasileira.

O escritor e crítico literário, membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos Secchin, que melhor analisou a obra de João Cabral, segundo o próprio poeta, avalia que Cabral é “o último grande clássico da nossa poesia, na seqüência de Bandeira e Drummond”.

Para ter tempo e estabilidade financeira para ler e escrever, João Cabral escolheu a carreira diplomática. Em 1944, prestou exame para o Itamaraty e foi nomeado diplomata em dezembro de 1945 – profissão que seguiu por mais de 40 anos e lhe proporcionou grandes oportunidades culturais. Morou em vários países. A Espanha foi o primeiro deles. E também a primeira viagem internacional do poeta, aos 27 anos. Viveu ainda na França, em Portugal, na Suíça, no Senegal e em Honduras. As viagens e as mudanças constantes eram uma obrigação profissional e o deixavam tenso, pois tinha medo de avião!

No documentário Recife/Sevilha – João Cabral de Melo Neto, dirigido por Bebeto Abrantes, sua filha, a cineasta Inez Cabral, conta que ele temia morrer em um desastre aéreo e por isso preferia fazer as viagens sozinho. A família ia depois. João Cabral também não gostava de se envolver com a parte prática das mudanças, deixava essa tarefa para a esposa, que tratava de organizar tudo enquanto ele esperava no hotel.

Nenhum país o marcou tanto quanto a Espanha. O homem e as manifestações culturais do país o fascinavam, mais precisamente a cidade de Sevilha, onde foi cônsul-geral entre 1962-1964. As touradas também despertavam o seu interesse. Em certa ocasião, o poeta Ferreira Gullar o acompanhou para conhecê-las. “Eu achei aquilo de um sadismo imenso, mas ele gostava”, revela Gullar. “Para ele, era a vitória da razão contra a animalidade”, completa.

Na casa de João Cabral, em Barcelona, Gullar perguntou o porquê de tantos quadros concretistas na sala. Cabral respondeu que precisava de alguma coisa que tivesse ordem, já que a sua cabeça era uma grande confusão. “Ele não era formalista porque queria. O que ele tinha era uma necessidade de ordem. Queria se livrar da sua instabilidade emocional através de coisas concretas. Por isso mesmo, para entender João Cabral, é preciso entender como ele era, e não julgá-lo pelas coisas que se diziam a seu respeito”, conclui.

João Cabral tinha como diferencial a construção de sua poesia. Achava que ela precisava ser feita arquitetonicamente, tal como a flor: não precisava ser perfumada ou cheia de sentimentalismo derramado. Conhecido como o Engenheiro das Palavras, era contra a espontaneidade. “Da primeira palavra à última, todas elas têm que ter um sentido, de forma que a primeira é tão difícil quanto a última”, explica o próprio poeta em cena do documentário Recife/Sevilha.

O jornalista e biógrafo José Castello esteve com João Cabral em 21 longos encontros para escrever o livro João Cabral de Melo Neto – O homem sem alma. Ele explica que o poeta criou um mito em torno de si. “O homem sem alma (alma como mundo interior, e não no sentido religioso), seco, contido e cerebral, era apenas uma casca, uma armadura. Bela armadura, aliás, que lhe rendeu poemas extraordinários. Mas, dentro de João, e seus poemas, os sentimentos, os conflitos e a desordem ferviam”, explica o jornalista.

Castello conviveu com Cabral de 07 de março de 1991 a 06 de abril de 1992, quando o poeta, já tendo encerrado sua carreira diplomática, vivia em um apartamento na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Nessa fase, João Cabral estava com a saúde frágil e sofria de uma depressão a qual preferia chamar de melancolia. “Quase não saía mais de casa e, por causa dos problemas de visão, não via mais futebol na TV, o que adorava fazer. Não suportava mais ler literatura, porque se emocionava demais. Tentava ler ensaios de geografia ou de história, mas até eles o perturbavam. Estava com a sensibilidade à flor da pele”, conta.

A solidão e o vazio eram enfrentados na companhia das pessoas que o visitavam. João Cabral não acreditava em psicanálise, pelas más lembranças de um período de seis meses que passou internado em um sanatório, na juventude, por sugestão de um primo médico, para tentar se livrar das constantes dores de cabeça que sentia. Segundo dizia, elas começaram quando, aos 16 anos, foi rejeitado para um trabalho como jornalista.

Durante 50 anos, essas crises constantes de enxaqueca o acompanhariam e a aspirina seria sua grande compulsão. A dor só desapareceu em 1986, quando foi submetido a uma cirurgia de emergência por problemas no estômago e cortaram-lhe o nervo simpático. Já a melancolia o acompanhou até o fim da vida. Teria começado quando em 1952, foi acusado de subversão por Carlos Lacerda [governador do Rio], por ter escrito ensaio sobre o escultor e pintor espanhol Joan Miró. “Talvez por ter sido visto como alguém que eu não sou”, disse Cabral a José Castello.

Seus últimos anos foram de grande vazio por conta de uma doença degenerativa que o fez perder a visão. Considerava a cegueira castigo, ela o privava das duas coisas que mais gostava de fazer: ler e escrever. João Cabral de Melo Neto morreu no dia 09 de outubro de 1999, aos 79 anos, no apartamento em que morava, na praia do Flamengo, na zona sul do Rio.

O autor de Pedra do Sono (1942), Os três mal-amados (1943), O engenheiro (1945) e Psicologia da composição (1947) ficou impressionado ao ler uma reportagem informando que a expectativa de vida na Índia era de 29 anos e no Recife, 28. Escreveu, então, O cão sem plumas, publicado em 1950. A partir daí, dizia, Pernambuco não o largou mais. Sua obra completa foi reunida e publicada em 1994.

Cabral considerava o clássico Morte e vida severina, de 1956, uma obra menor, que não chegava a ser poesia. Era “apenas” um monólogo-diálogo, apesar de ser sua obra mais popular. Segundo Antonio Carlos Secchin, “ele propositalmente desvalorizava Morte e vida severina, talvez para chamar a atenção para outros títulos da sua obra. Um poeta de sua estatura não pode mesmo se ver reduzido a um só livro, ainda que seja magistral e de merecido sucesso, como esse título inesquecível” (por Daniele Martins para Revista da Cultura – Edição 31 – Fev/2010).

Por discordar plenamente do João Cabral, o Bienvenue-Ami apresenta nesse mês o clássico universal Morte e vida severina (prólogo), o primeiro Poema Falado de 2011, para iniciar o ano em grande estilo. A base do Poema Falado é o trecho inicial da minissérie produzida em 1981 pela Rede Globo de Televisão. O poema é interpretado pelo grande ator brasileiro José Dumont. Boa audio-leitura!

“O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias. Mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias ? Vejamos : é o Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com o nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra, magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue, que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual mesma morte severina: que é morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida). Somos muitos Severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima a de tentar despertar terra sempre mais extinta, a de querer arrancar algum roçado da cinza. Mas, para que me conheçam melhor Vossas Senhorias e melhor possas seguir a história de minha vida, passo a ser o Severino que em vossa presença emigra”.